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Corrida e ciclismo diminuem risco de catarata, sugere estudo


Um levantamento da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) revela que a maioria dos brasileiros não tem informação sobre o pré-diabetes, limiar da glicemia acima do normal que precede o diabetes e pode ser revertido com exercícios físicos, aliados a alterações na alimentação. Pior: no pré-diabetes ocorrem desorganizações celulares que provocam doenças.

Recente pesquisa publicada no JBS, Journal of Biomedical Science, mostra que o pré-diabetes desencadeia pequenas lesões no cristalino que dão início à catarata, doença responsável por 49% dos casos de perda da visão tratável no Brasil. As lesões são causadas pela migração para o cristalino de células imunes do corpo ciliar que circunda a lente. Foram detectadas por microscopia estereoscópica pelos pesquisadores e acendem o sinal de alerta para a importância de reverter o pré-diabetes.

Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, a pesquisa reforça a primeira campanha do ano realizada pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) “Visão no Esporte”. O objetivo, ele explica, é conscientizar a população sobre a importância para a saúde ocular das atividades físicas, que tiveram forte queda na pandemia.

O oftalmologista participa da campanha com informações sobre os esportes mais recomendados no combate à catarata e outras doenças. “A corrida e o ciclismo diminuem em 10% o risco de catarata por estimularem a produção de enzimas antioxidantes que combatem o stress oxidativo, uma das causas da doença.”, pontua.

Fatores de risco e prevenção

O oftalmologista afirma que a catarata embaça o cristalino, uma pequena lente transparente localizada na parte anterior do olho que focaliza as imagens na retina e nos permite enxergar com clareza em todas as distâncias. É uma doença multifatorial que tem como principais causas o envelhecimento e o stress oxidativo.

Além do pré-diabetes, o especialista elenca 7 fatores de risco relacionados ao desenvolvimento precoce da catara e como prevenir. São eles:

· Óculos sem filtro solar: A exposição dos olhos ao sol sem proteção ultravioleta aumenta em 60% o risco de catarata. Lentes com proteção devem ser usadas durante o ano todo, mas no Brasil menos da metade da população, 45%, tem hábito de proteger os olhos do sol.

· Alimentação desbalanceada: Alimentos ultra processados, carboidratos, açúcar e bebidas alcoólicas em excesso aumentam o stress oxidativo. Para proteger o cristalino Queiroz Neto indica as folhas verde escuro como a couve e espinafre que têm ação antioxidantes.

· Outras doenças oculares: A miopia acima de seis dioptrias, retinite pigmentar e doenças crônicas na superfície do olho estimulam a catarata. O acompanhamento oftalmológico evita que estas e outras doenças oculares tenham efeito cascata sobre seus olhos

· Doenças sistêmicas: obesidade, hipertensão arterial e diabetes que podem ser controladas por alimentação balanceada e medicamento.

· Medicamentos: O uso contínuo de ansiolíticos, antipsicóticos e corticoide só devem ser adotado com acompanhamento médico e supervisão médica.

· Traumas: Provocam a catarata traumática que pode ser prevenida por óculos de proteção no trabalho e esportes.

· Tabagismo: Acelerar todo o processo de envelhecimento, inclusive dos olhos.

Consulta de rotina

Para Queiroz Neto a pesquisa indica que a consulta oftalmológica de rotina em maiores de 60 requer uma avaliação mais minuciosa visando diagnosticar estas e outras pequenas alterações logo no início.

O oftalmologista recomenda que por prevenção toda pessoa à partir dos 45 anos faça anualmente o hemograma completo para manter a saúde sistêmica sob controle, especialmente quem têm problemas cardíacos, casos de diabetes na família, obesos, ascendentes orientais e afrodescendentes . Isso porque, é a partir desta idade que ocorre a maior parte dos casos de diabetes conforme ficou demostrando no levantamento do Ministério da Saúde.

Diagnóstico e sintomas

Queiroz Neto afirma que o diagnóstico de catarata é feito em uma consulta oftalmológica de rotina. A maioria das pessoas nem desconfia ter a doença logo no início porque a visão não sofre alterações perceptíveis. Por isso, é comum a cirurgia só acontecer depois de meses e em alguns casos mais de um ano após o diagnóstico. O especialista afirma que o momento certo de operar é quando começa ficar difícil realizar as atividades cotidianas. Os sinais de que está na hora de operar são: troca frequente de óculos, dificuldade de enxergar ou dirigir à noite, perda da visão de contraste, fotofobia e maior ofuscamento com faróis contra

Tratamento

A cirurgia é o único tratamento para catarata. Consiste em substituir o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular. “Pode ser feita com cortes manuais ou com um laser ultrarrápido. Nas duas técnicas a anestesia é local, mas na cirurgia a laser o olho fica menos tempo exposto ao calor do ultrassom utilizado para retirar o cristalino”, afirma. Por isso, a perda de células irrecuperáveis da córnea é menor. O oftalmologista ressalta que o tipo de lente usada na operação depende do vício refrativo do paciente e do estilo de vida de cada um. Toda cirurgia é personalizada de acordo com suas expectativas e características de seus olhos, conclui.


Publicado em: ES Hoje Online

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